sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mais um esforço. Um esforço para não caírem. Estou quase a chegar, estou quase. Quero o conforto e o isolamento de toda aquela massa de gente.



Sentei-me. Tomo consciência daquele bater cessante. Irrita-me. De tal maneira, que o meu corpo sem pensar levanta-se de rompante e sai dali para fora deixando um ambiente desconfortável.



Fecho a porta atrás de mim de maneira pouco cuidadosa, sento-me de costas para trajecto, não quero saber o que passa ou não durante a próxima hora e meia…quero apenas chegar.



Minha mente foi capaz de se desligar por vários momentos, e os meus olhos foram ficando mais vulneráveis. Não foi em forma de torneira, mas foi como pingos vindos de um chuveiro caído. Não quero abrir os olhos.



O homem que vai ali, vê tudo, e sente ali qualquer coisa não feliz. Tento abstrair-me da sua face pesada de amargura ou lá o que era.



Volto para mim própria; lembranças antigas, lembranças antigas. Aquele sentimento agudo que apenas eu existo num lugar onde nada existe para mim, onde eu não existo para nada, para ninguém.



Levanto-me, as portas abrem-se, de cabeça caída para baixo começo a andar sem ver nada do que me rodeia.
A música incomoda-me. Quero ouvir-me agora.



Olho para atrás, não há ninguém, continuo a andar. Não passa um único carro, uma única pessoa, apenas eu domino aquele espaço todo enquanto caminho. O ar cheira a limpo, cheira a irrealidade pura. Estou quase a chegar, as pingas do chuveiro já secaram.

Não há nada que impeça nós próprios de no vermos a nós próprios, pelo menos em determinada altura, nem se seja por um breve momento.

Aquela solidão tão miserável sem razões explicativas…
Voltou acontecer.
E a vontade de partir cresce e cresce.
Voltou acontecer.

Sem comentários: